Movimento de Casais Jovens

Paróquia São Pedro Apóstolo - Ivoti

quarta-feira, 10 de abril de 2013

DROPS DE HISTÓRIA: AS CATACUMBAS E SANTA CECÍLIA

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Era tradição que, nas cidades muradas da antiguidade, os mortos fossem enterrados fora do perímetro dos muros, normalmente ao longo das estradas que levavam à cidade. Alguns túmulos eram feitos no nível do solo, enquanto outros, onde o terreno permitia, eram alojados em complexos subterrâneos chamados de catacumbas.

Na Roma Antiga não era diferente. Com isso, foram construídos diversos túmulos e catacumbas ao longo da chamada Via Appia (atualmente Via Appia Antica), que ligava Roma a seu principal porto de embarque de tropas e mercadorias para o Oriente: Brindisi.

Hoje, ainda é possível caminhar sobre as mesmas pedras de calçamento pelas quais tropas romanas se deslocavam em suas sagas de conquista. A Via Appia Antica é também onde se localiza um dos mais famosos complexos de catacumbas: o de São Callisto.

Construídas num terreno favorável de rocha vulcânica de turfa (porosa e fácil de trabalhar enquanto úmida no subsolo, mas que se enrijesse à medida que entra em contato com o oxigênio), os mais de 15 hectares do complexo de túneis de São Callisto compõe aquilo que os romanos antigos chamavam de necrópole, ou cidade dos mortos. O termo cemitério não era usado na época, pois tem origem na concepção cristã da vida eterna junto ao Pai após a morte, e decorre do termo grego koimeteron, "local de repouso, dormitório". Para os cristãos, os corpos eram postos ali para dormir, o que não implicava no fim da vida do indivíduo.
Era ali, naqueles corredores estreitos, mal iluminados, repletos de corpos em decomposição e do mau cheiro da putrefação, que os primeiros cristãos se escondiam para celebrar suas missas, pois nenhum romano que se prezasse ousava descer naquele local tido como imundo e perigoso. Diante disso, é possível constatar quão árdua era a vida dos cristãos naquela época, precisando esconder-se em tal lugar para professar sua fé, e quão firmes eles eram em caráter e convicção.

As catacumbas de São Callisto chegaram a abrigar os corps de 16 dos Papas primitivos e de mais de 60 santos mártires do início da cristandade. Logo nos primeiros trechos da visita guiada ao complexo, é apresentada a concavidade onde fora sepultada originalmente Santa Cecília, cujo corpo foi posteriormente transportado para uma cripta sob a Basílica de Santa Cecília in Trastevere, construída sobre a antiga residência de Cecília.

No local do sepultamento original encontra-se uma réplica idêntica da estátua que existe no altar da Basílica de Santa Cecília, e que mostra o corpo da santa jogado ao chão, com o rosto para o solo e com um corte na nuca.

Estátua de Santa Cecília colocada no altar da Basílica
 
Cecília teve sua decapitação ordenada após sobreviver a uma pena de sufocamento e, ainda assim, não se foi possível executar a decapitação com êxito, tendo os golpes "apenas" abrido-lhe um talho no pescoço. Foi deixada então para morrer de forma agonizante, enquanto sangrava.

Detalhe do corte no pescoço de Cecília
 
Muitas são as fontes encontradas na internet e em livros, que contam sua história e a de sua "Paixão" (descrição de seu martírio), informando que ela era uma bela jovem de uma rica e antiga família da nobreza romana, que havia consagrado sua virgindade à Cristo; de como, com a ajuda do Papa Urbano, converteu também seu marido Valeriano (que respeitou até o fim o voto de castidade da esposa) e seu cunhado Tibúrcio (ambos descobertos e martirizados antes de Cecília); que ela é tida como a padroeira dos músicos, por ter patrocinado as artes musicais ainda em vida, etc.

Porém, um fato que até então não se havia visto relatado em tais fontes, e que nos foi revelado pelo Padre que guiava o grupo durante a visita às catacumbas, é que Cecília, pouco antes de expirar, já não podendo mais falar, colocou as mãos lado-a-lado contraíndo alguns dedos e deixando somente dois esticados numa mão e um na outra: três! 

O singelo gesto era claro e elouquente: podem matar meu corpo, destruir minha matéria, mas eu viverei eternamente, pois creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A Santíssima Trindade.

 

Pelo exemplo dado em seu martírio, Cecília tornou-se uma das santas mais veneradas na Idade Média, fazendo-a constar, inclusive, na Liturgia das Horas e, ainda hoje, a data de sua memória (22 de novembro) é celebrada com festa em muitos locais do mundo.

Que mensagem nos passa a história de incrível coragem de Cecília e a determinação dos primeiros cristãos que eram obrigados a se reunir nas catacumbas para celebrar a Santa Missa? Como nós, cristãos brasileiros, que vivemos numa época em que podemos professar livremente nossa fé, nos posicionamos ante ao olhar público?  

Cecília tinha a lâmina levantada contra si e, ainda assim, não recuou, se envergonhou ou desdizeu, e se tornou mais um dos inúmeros e ricos exemplos de fé que construíram a história da nossa Igreja.

Ao final da visita às Catacumbas de São Callisto, pode-se caminhar sobre os mesmos degraus que o jovenzinho São Tarcísio subia para levar a hóstia a outros cristãos escondidos em Roma, mas isso é assunto para a próxima semana.


Pesquisa e Redação:
Departamento de Comunicação – MCJ Ivoti

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