Ao final da visita guiada ao complexo de catacumbas de São Callisto em Roma, ainda no subsolo, o Padre que nos guia mostra a escada que deveremos subir e que leva a uma das saídas do labirinto de cavernas. Porém, antes de se começar a subida, o guia afirma, com mansidão e um certo tom de ternura na voz, que aqueles são os mesmos degraus que o jovenzinho Tarcísio subiu para levar a hóstia consagrada a outros cristãos romanos que aguardavam secretamente, em suas casas, para poder comungar.
O menino Tarcísio está entre os primeiros santos mártires da Igreja Católica, e é um dos mais jovens. Ele é o padroeiro dos acólitos, também chamados de coroinhas, porque foi espancado e apedrejado até a morte enquanto auxiliava o Sacerdote em suas funções, para que revelasse o que carregava sob o manto. Todavia, quando seus agressores então revistaram seu corpo moribundo,a Eucaristia que Tarcísio portava havia desaparecido milagrosamente.
O Papa Emérito Bento XVI, numa de suas homilias proferida em 04/08/2010, ensina quem foi São Tarcísio:
Quem foi São Tarcisio? Não temos
muitas informações. Estamos nos primeiros séculos da história da Igreja,
mais precisamente no terceiro século; é dito que ele era um jovem que
frequentava as Catacumbas de São Calisto, aqui em Roma, e era muito fiel
aos seus compromissos cristãos. Amava muito a Eucaristia e, por vários
fatores, concluímos que, provavelmente, fosse um acólito, isto é, um
coroinha. Aqueles eram anos em que o Imperador Valeriano perseguia
duramente os cristãos, que foram forçados a encontrar secretamente em
casas particulares ou, por vezes, também nas catacumbas, para ouvir a
Palavra de Deus, orar e celebrar a Santa Missa. Mesmo o costume de levar
a Eucaristia aos prisioneiros e doentes tornava-se cada vez mais
perigoso. Um dia, quando o sacerdote perguntou, como sempre fazia, quem
estava disposto a levar a Eucaristia aos outros irmãos e irmãs que a
estavam esperando, levantou-se o jovem Tarcísio e disse: "Envia-me".
Aquele menino parecia demasiado jovem para um serviço assim tão
exigente! "A minha juventude - disse Tarcísio - será o melhor refúgio
para a Eucaristia". O sacerdote, convencido, lhe confiou aquele Pão
precioso dizendo-lhe: "Tarcísio, lembra-te que um tesouro celeste é
confiado aos teus débeis cuidados. Evite ruas movimentadas e não se
esqueça de que as coisas santas não devem ser jogadas aos cães, nem as
pérolas aos porcos. Protegerá com fidelidade e segurança os Sagrados
Mistérios?". "Morrerei - disse Tarcisio decidido – antes de cedê-los".
Ao longo do caminho, encontrou alguns amigos pela rua, que se
aproximaram e pediram que se unisse a eles. À sua resposta negativa,
esses – que eram pagãos – suspeitaram e se tornaram importunos, e
perceberam que ele portava alguma coisa no peito e que parecia defender.
Tentaram arrancá-la, mas foi em vão; a luta tornou-se mais e mais
furiosa, especialmente quando souberam que Tarcísio era cristão; o
chutaram, atiraram pedras, mas ele não cedeu. Moribundo, foi levado ao
padre por um oficial pretoriano chamado Quadrato, que também havia se
tornado, secretamente, cristão. Chegou sem vida, mas ainda segurava
firme junto ao peito um pequeno linho com a Eucaristia. Foi
imediatamente sepultado nas Catacumbas de São Calisto. O Papa Damaso fez
uma inscrição para a tumba de São Tarcísio, segundo a qual o jovem
morreu em 257. O Martirológio Romano fixa a data de 15 de agosto e, no
próprio Martirológio, reporta-se também uma bela tradição oral, segundo a
qual, sobre o corpo de São Tarcísio, não foi encontrado o Santíssimo
Sacramento, nem nas mãos, nem entre as suas vestes. Ali é explicado que a
partícula consagrada, defendida com a vida pelo pequeno mártir, havia
se tornado carne de sua carne, formando assim, com o seu próprio corpo,
uma única hóstia imaculada oferecida a Deus. (Fonte: noticias.cancaonova.com)
São Tarcísio e Santa Cecília (mencionada num post anterior) são apenas dois dentre muitos santos mártires e Papas cujas histórias nos inspiram, e que encontram registro nas Catacumbas de São Callisto. Tal local representa, de fato, um testemunho atual da imensa riqueza da história de nossa Igreja, e merece ser visitado por todo cristão que pretenda entender melhor os sacrfícios daqueles que lutaram para manter viva a Palavra de Cristo nos primeiros anos do cristianismo.
Redação e pesquisa
Departamento de Comunicação
MCJ Ivoti
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