Movimento de Casais Jovens

Paróquia São Pedro Apóstolo - Ivoti

sexta-feira, 21 de junho de 2013

INSPIRAÇÕES PARA A JUVENTUDE

Nenhum comentário
Nosso país vive um momento único em sua história, no qual, mais uma vez, a energia do coração dos jovens se faz ouvir com muita ênfase. Se tais manifestações ainda causam confusão para muitos, que não conseguem compreender com clareza seus objetivos, é certo, ao menos, que a atual juventude brasileira deixou claro que não é apática e alienada como tantos a rotulavam.

Os auspícios por um mundo melhor, mais justo e solidário, não haviam morrido no coração dos jovens: apenas sua voz tardou a falar. Porém, ao ver que aqueles que deveriam zelar por estes ideais abandonaram seu encargo, utilizando-o, outrossim, para seu próprio benefício, a juventude não teve medo nem vergonha de tomar para si a responsabilidade de enfrentar o conformismo. Com seu exemplo, arrastou consigo toda uma nação, que hoje se questiona abertamente sobre as estruturas de desigualdade construídas em nosso país ao longo de décadas.

Para nós, cristãos católicos, tudo isso representa uma convergência de eventos cuja simbologia não se pode deixar passar despercebida. O ano das manifestações, em que a juventude brasileira saiu às ruas não para gritar contra um fato ou uma figura política, mas contra toda uma realidade de injustiça, é também o ano da maior reunião mundial da juventude católica, que ocorrerá justamente no Brasil: a Jornada Mundial da Juventude 2013!

Mais do que isso, vivemos o Ano da Fé, declarado pelo então Papa Bento XVI. Ano em que somos todos chamados a nos aprofundarmos no conhecimento e na prática da nossa fé - o que, por si só, nos leva a questionar e comparar a realidade atual com a mensagem que Cristo nos deixou.

Com isso, ao olhar atônitos um país inteiro se organizando, de maneira difusa, contra o atual estado das coisas, percebemos com clareza o quanto falta Deus em nossa sociedade. O quanto falta amor. A começar por aqueles que receberam o encargo de nos representar!

É em momentos assim que devemos nos apoiar em exemplos positivos. Exemplos de fé. Não por acaso, mas por verdadeiro favor da Providência, hoje (21/06) celebramos a memória daquele que é, para a Igreja, o Patrono da Juventude: São Luís Gonzaga.

São Luís Gonzaga era um jovem de família rica da nobreza italiana, frequentador da Corte dos Médicis e dos Habsburgos, amigo do Príncipe Diego da Espanha, mas que, contrariando os interesses de seu pai, optou pela vida religiosa. 

É um exemplo de pureza e tenacidade para os jovens, em meio às vaidades e tentações de seu tempo. A maior prova de sua fé e resiliência se deu ao manter-se firme em seu caminho, mesmo após seu pai, que não aprovava a escolha do filho, ter passado a levá-lo a festas mundanas.

Luís tinha quatorze anos quando venceu as resistências do pai, renunciou ao título a que tinha direito por descendência e à herança da família e entrou para o noviciado romano dos jesuítas. Lá escolheu para si as incumbências mais humildes e o atendimento aos doentes. Consta que, certa vez, Luís carregou nos ombros um moribundo que encontrou no caminho, levando-o ao hospital. Isso fez com que contraísse a peste que se espalhava em Roma em 1590. Morreu aos 21 anos, servindo às vítimas da epidemia que assolava a cidade.
Os restos mortais de São Luís Gonzaga se encontram depositados na belíssima igreja de Santo Inácio em Roma.
Fachada da Chiesa di Sant´Ignazio - Roma

Detalhes da fachada - Chiesa di Sant´Ignazio - Roma

Altar lateral em que repousa a urna contendo os restos mortais de São Luís Gonzaga
Chiesa di Sant´Ignazio - Roma

Detalhe do interior - Chiesa di Sant´Ignazio - Roma

Altar - Chiesa di Sant´Ignazio - Roma

Detalhe do interior - Chiesa di Sant´Ignazio - Roma
 
Além disso, amanhã, dia 22/06, celebra-se a memória de outro grande exemplo de fé para nós: São Thomas More.

São Thomas More foi um literato inglês, amigo do escritor Erasmo, que lhe dedicou sua obra prima Elogio da Loucura. O próprio More escreveu diversos livros sobre negócios civis e liberdade religiosa. Sua obra mais conhecida intitula-se Utopia.

Foi duramente contrário ao divórcio de Henrique VIII, que pretendia anular seu casamento a fim de unir-se a Ana Bolena. Recusou-se a comparecer à coroação da nova rainha e, por isso, foi preso e condenado à morte.

Mesmo ante a tais fatos, não deixou de lado a simplicidade, a simpatia e o bom humor cristão que lhe eram peculiares - o que nos serve de inspiração ainda hoje. Firme em sua fé, não temeu a morte. Pedindo ajuda para subir no cadafalso durante a execução, disse ao povo "morro leal a Deus e ao Rei, mas a Deus antes de tudo".

Abraçando o carrasco disse: "Coragem amigo, não tenhas medo! Mas como tenho o pescoço muito curto, atenção. Está nisso a tua honra!" Pediu então que não lhe estragasse a barba, porque ela, ao menos, não cometera nenhuma traição.

Tais exemplos de fé cristã irredutível, manifestados pelo abandono de si em favor dos mais necessitados, demonstrado por São Luiz Gonzaga, e pela ausência de medo de abraçar a Cristo ante à condenação do mundo, apresentado por São Thomas More, devem nos servir, neste momento de ebulição social, como guia e parâmetro de justiça.

Desejando, assim, durante este ano da fé e, às vésperas da JMJ 2013, ser mais e mais parecidos com os santos que tanto amaram a Ti, nos fazendo mais dignos das promessas de Teu Filho, pedimos:
Deus, nosso Pai, pela fé em Jesus Cristo, 
somos vossos filhos e irmãos uns dos outros. 
Todos estamos revestidos de Cristo
e somos herdeiros das promessas divinas. 
Nós vos agradecemos porque enviastes aos nossos corações
 o Espírito de Jesus que clama: 
"Abba, Pai!"
Obrigado Senhor, pois em Jesus vos conhecemos
e somos por vós conhecidos. 
Confessemos a verdadeira fé e confirmemos com o testemunho alegre,
 bem-humorado, simples e firme de nossa vida, 
aquilo que professamos 
com nossas palavras.
Fontes:
http://www.franciscanos.org.br
Os Santos de cada dia. J. Alves. São Paulo: Paulinas, 2008. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

ECOLOGIA HUMANA E ECOLOGIA AMBIENTAL CAMINHAM JUNTAS

Nenhum comentário
Catequese do Papa Francisco durante a Audiência Geral de 05 de junho de 2013:


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje gostaria de concentrar-me sobre a questão do ambiente, como já tive oportunidade de fazer em diversas ocasiões. Também sugerido pelo Dia Mundial do Ambiente, promovido pelas Nações Unidas, que lança um forte apelo à necessidade de eliminar os desperdícios e a destruição de alimentos.

Quando falamos de ambiente, da criação, o meu pensamento vai às primeiras páginas da Bíblia, ao Livro de Gênesis, onde se afirma que Deus colocou o homem e a mulher na terra para que a cultivassem e a protegessem (cfr 2, 15). E me surgem as questões: O que quer dizer cultivar e cuidar da terra? Nós estamos realmente cultivando e cuidando da criação? Ou será que estamos explorando-a e negligenciando-a? O verbo “cultivar” me traz à mente o cuidado que o agricultor tem com a sua terra para que dê fruto e esse seja partilhado: quanta atenção, paixão e dedicação! Cultivar e cuidar da criação é uma indicação de Deus dada não somente no início da história, mas a cada um de nós; é parte do seu projeto; quer dizer fazer o mundo crescer com responsabilidade, transformá-lo para que seja um jardim, um lugar habitável para todos. Bento XVI recordou tantas vezes que esta tarefa confiada a nós por Deus Criador requer captar o ritmo e a lógica da criação. Nós, em vez disso, somos muitas vezes guiados pela soberba do dominar, do possuir, do manipular, do explorar; não a “protegemos”, não a respeitamos, não a consideramos como um dom gratuito com o qual ter cuidado. Estamos perdendo a atitude de admiração, de contemplação, de escuta da criação; e assim não conseguimos mais ler aquilo que Bento XVI chama de “o ritmo da história de amor de Deus com o homem”. Porque isto acontece? Porque pensamos e vivemos de modo horizontal, estamos nos afastando de Deus, não lemos os seus sinais.

Mas o “cultivar e cuidar” não compreende somente a relação entre nós e o ambiente, entre o homem e a criação, diz respeito também às relações humanas. Os Papas falaram de ecologia humana, estritamente ligada à ecologia ambiental. Nós estamos vivendo um momento de crises; vemos isso no ambiente, mas, sobretudo, no homem. A pessoa humana está em perigo: isto é certo, a pessoa humana hoje está em perigo, eis a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é somente uma questão de economia, mas de ética e de antropologia. A Igreja destacou isso muitas vezes; e muitos dizem: sim, é certo, é verdade… mas o sistema continua como antes, porque aquilo que domina são as dinâmicas de uma economia e de uma finança carentes de ética. Aquilo que comanda hoje não é o homem, é o dinheiro, o dinheiro, o dinheiro comanda. E Deus nosso Pai deu a tarefa de cuidar da terra não ao dinheiro, mas a nós: aos homens e mulheres, nós temos esta tarefa! Em vez disso, homens e mulheres sacrificam-se aos ídolos do lucro e do consumo: é a “cultura do descartável”. Se um computador quebra é uma tragédia, mas a pobreza, as necessidades, os dramas de tantas pessoas acabam por entrar na normalidade. Se em uma noite de inverno, aqui próximo na rua Ottaviano, por exemplo, morre uma pessoa, isto não é notícia. Se em tantas partes do mundo há crianças que não têm o que comer, isto não é notícia, parece normal. Não pode ser assim! No entanto essas coisas entram na normalidade: que algumas pessoas sem teto morram de frio pelas ruas não é notícia. Ao contrário, a queda de dez pontos na bolsa de valores de uma cidade constitui uma tragédia. Um que morre não é uma notícia, mas se caem dez pontos na bolsa é uma tragédia! Assim as pessoas são descartadas, como se fossem resíduos.

Esta “cultura do descartável” tende a se transformar mentalidade comum, que contagia todos. A vida humana, a pessoa não são mais consideradas como valor primário a respeitar e cuidar, especialmente se é pobre ou deficiente, se não serve ainda – como o nascituro – ou não serve mais – como o idoso. 

Esta cultura do descartável nos tornou insensíveis também com relação ao lixo e ao desperdício de alimento, o que é ainda mais deplorável quando em cada parte do mundo, infelizmente, muitas pessoas e famílias sofrem fome e desnutrição. Um dia os nossos avós estiveram muito atentos para não jogar nada de comida fora. O consumismo nos induziu a acostumar-nos ao supérfluo e ao desperdício cotidiano de comida, ao qual às vezes não somos mais capazes de dar o justo valor, que vai muito além de meros parâmetros econômicos. Recordemos bem, porém, que a comida que se joga fora é como se estivesse sendo roubada da mesa de quem é pobre, de quem tem fome! Convido todos a refletir sobre o problema da perda e do desperdício de alimento para identificar vias que, abordando seriamente tal problemática, sejam veículo de solidariedade e de partilha com os mais necessitados.

Há poucos dias, na festa de Corpus Christi, lemos a passagem do milagre dos pães: Jesus dá de comer à multidão com cinco pães e dois peixes. E a conclusão do trecho é importante: “E todos os que comeram ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços” (Lc 9, 17). Jesus pede aos discípulos que nada seja perdido: nada desperdiçado! E tem este fato das doze cestas: por que doze? O que significa? Doze é o número das tribos de Israel, representa simbolicamente todo o povo. E isto nos diz que quando a comida vem partilhada de modo igualitário, com solidariedade, ninguém é privado do necessário, cada comunidade pode satisfazer as necessidades dos mais pobres. Ecologia humana e ecologia ambiental caminham juntas.

Gostaria então que levássemos todos a sério o compromisso de respeitar e cuidar da criação, de estar atento a cada pessoa, de combater a cultura do lixo e do descartável, para promover uma cultura da solidariedade e do encontro. 

Obrigado.


Tradução: Jéssica Marçal/ Canção Nova
Fonte: www.zenit.org