Movimento de Casais Jovens

Paróquia São Pedro Apóstolo - Ivoti

terça-feira, 19 de março de 2013

A REAL MEDIDA DO AMOR: O SIM DE JOSÉ E O CHAMADO QUE AINDA PERSISTE

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Foi Santo Agostinho quem disse: "A medida do amor é não ter medida." Porém, por mais belas e românticas que sejam tais palavras, o seu sentido é muito mais profundo do que o leitor apressado normalmente consegue apreender.

Em contrapartida, outro ditado, este popular, diz que "amor de verdade, só de mãe". Ainda que carregado de cinismo e de crítica, colocando em cheque a medida da entrega do amor entre o homem e a mulher, tal ditado encerra, em si, uma reflexão verdadeira: o amor de um casal raríssimas vezes nasce completo e livre de egoísmos, e precisa de uma longa caminhada de aperfeiçoamento para encontrar sua maturidade.

O amor materno, por sua vez, nasce pleno e abnegado. Nada espera em troca. Deseja e protege, se compraz e se realiza pela simples constatação de que o outro – filho ou a filha – existe.  Tal amor, normalmente, é associado à ligação profunda que a mulher desenvolve com o feto que cresce e se transforma em seu ventre. Porém, por mais que não seja dado aos homens experimentar tal glória de sustentar o desenvolvimento da vida em seu próprio corpo, também a eles é possível amar assim. No dia de hoje, 19 de março, se relembra a memória de um verdadeiro exemplo masculino de amor desmedido: São José.

E, seja por uma grande felicidade do acaso ou pela força determinante do desígnio, a coincidência de datas entre a missa inaugural do atual papado com o dia da memória de São José não poderia ter sido mais propícia.

O Papa Francisco, por sua vez, bem soube aproveitar tal convergência em sua homilia. Num primeiro momento, relembrou com propriedade o Patrono da Igreja, aquele que, nas palavras de J. Alves, é "o padroeiro da Igreja Universal, o advogado dos lares cristãos e o modelo dos operários". A seguir, nos falou da necessidade de cuidado e de proteção da vida, coisas que dizem respeito diretamente à trajetória pessoal de José.

Seu amor a Maria, sua entrega e sua subserviência ao chamado divino permitiram a proteção de que a Virgem necessitava em momento de precária segurança. O que poderia ser de uma mulher grávida e não casada, sozinha, submetida ao julgamento social daquela época? José foi a proteção humana garantindo a segurança de Maria e do menino Jesus em todos os aspectos, e não apenas com sua presença física. Foi a figura marital, recobrindo de tranquilidade a gravidez de Maria ante o escrutínio público, além de servir de exemplo paterno e de sustento por meio de seu amor e de seu trabalho.

Assim, é pertinente que nós, homens, reflitamos sobre as escolhas de São José, e nos espelhemos nele para sermos melhores maridos e pais. São José é exemplo de caráter e de entrega abnegada. Acreditou na Providência Divina e amou, contra tudo e contra todos, até mesmo o fruto do ventre que sabia não ser seu. O mundo de hoje precisa de mais pessoas dispostas a amar desta forma gratuita e para além do egoísmo e das expectativas sociais.

Espelhando-se no exemplo de São José, quer-se também, nesta data, fazer menção a um problema que escapa aos olhos da maioria da sociedade, e que se agrava em razão do medo e do preconceito.
Ao falar de maternidade e de paternidade, tem-se por presumível que um casal considere, ao menos como normal, a realização de seu amor por meio de filhos. Há casos, inclusive, nos quais um ou ambos no casal possuem uma inclinação forte e um desejo acentuado por filhos.

Todavia, muitas vezes esse desejo é inesperadamente obstado. A poluição, a alimentação ruim, o estresse e as exigências incessantes da vida atual parecem contribuir diretamente para o aumento do número de casos de homens e mulheres que não conseguem gerar filhos biológicos, e isso costuma ser descoberto somente após terem tomado a decisão sincera de ter um filho.

A tragédia então se instala entre o casal, amigos e familiares. Entretanto, onde muitos esmorecem e perdem as esperanças, persiste aí um chamado silencioso ao amor.

Longe dos olhos do casal arrasado, os profissionais que atuam junto aos Juizados da Infância e da Juventude (assistentes sociais, conselheiros tutelares, juízes, advogados e promotores), deparam-se com uma miríade de crianças, de todas as idades, que aguardam por ser amadas e por uma família.
Tais crianças são vítimas inocentes de uma realidade cruel, de famílias sem Deus, de pais que se deixaram levar pela violência, pela criminalidade ou pelos vícios. Crianças que o Estado, para sua própria proteção, acaba por afastar dos pais e as abriga sob seus cuidados. Crianças, algumas ainda em tenra idade, que pouco souberam, mas que muito desejam, em relação ao amor de um pai e de uma mãe.

Mas um abismo de medo, desconhecimento e preconceitos separa aquele casal cheio de amor, e que não pode ter filhos, dessas crianças sedentas por ser amadas. O casal teme criar um filho que não é seu, teme que os avós não olhem com bons olhos um filho não biológico, ou simplesmente se deixa levar pelo orgulho. Gastam quantias nunca desprezíveis e sofrem por longos anos tentando engravidar, mas não olham para o chamado que lhes é dirigido: a adoção.

O processo de adoção, por sua vez, é extremamente simples. Esbarra no medo, e não na burocracia. Não é necessário nem mesmo a contratação de advogado num primeiro momento, bastando que o casal se dirija à Vara de Família do Fórum de sua cidade e retire alguns formulários de habilitação, a serem preenchidos e devolvidos com alguns documentos, mormente de identificação. Nesses formulários, é possível indicar até mesmo a idade da criança que se pretende adotar e se existe o desejo de adotar irmãos. Após isso, o casal receberá a visita de assistentes sociais, que farão entrevistas para identificar as possibilidades de adotar e, uma vez habilitados, poderão passar a ter contato com crianças que aguardam adoção. Autorizada a adoção, a criança recebe nova certidão de nascimento e sua filiação biológica é guardada sob sigilo, só podendo ser revelada por ordem judicial; resguardando aos pais adotivos a faculdade de revelar ou não a filiação não biológica quando o filho ou a filha atingirem a idade adequada para compreender tal fato.

Em suma, não há maiores dificuldades burocráticas para a realização do ato. Basta a coragem. Basta reunir o mesmo amor abnegado que se desejaria dar a um filho biológico e, com ele, responder sim ao mesmo chamado que uma vez foi apresentado a um certo carpinteiro, e cujo sim cooperou para o nascimento daquele que viria a mudar a face da Terra.

Ao fim e ao cabo, adotar é mais do que ser mãe e ser pai: é ser salvação. É amar de forma ainda mais abnegada. Não apenas amar a graça recebida, mas lutar para que ela ocorra. Se entregar, contra tudo e contra todos, e romper o preconceito, saltando por sobre o abismo para se realizar por completo.

Adotar é ser a mão do próprio Deus no caminho de uma criança.

É o verdadeiro e completo amor sem medidas.

Nossas orações pelo Papa Francisco, para que o seu sim seja tão frutuoso quanto o sim dado por José.


Pesquisa e Redação
Departamento de Comunicação
MCJ Ivoti

quinta-feira, 14 de março de 2013

HABEMUS PAPAM!

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A eleição de um novo Papa nos lembra a importância da Sede de Roma. Na realidade não se elege um novo Papa, mas um novo Bispo de Roma, que por este motivo, automaticamente assume a responsabilidade também da Igreja universal, tornando-se Papa.
Isso significa que a Sede de Roma não é uma das tantas Sedes episcopais, mas é a Sede por excelência, enquanto que é a última Sede ocupada pelo Apóstolo Pedro, depois de Jerusalém e Antioquia.
O Concílio Vaticano I declarou que “a Santa Sé Apostólica e o Romano Pontífice tem o primado sobre todo o orbe e que o mesmo Romano Pontífice é o sucessor do bem-aventurado Pedro e cabeça de toda a Igreja”.
A Igreja sempre sustentou esta verdade. Basta citar o grande Padre da Igreja Inácio de Antioquia, bispo e mártir, que na carta aos Romanos (ano  107), escreveu assim falando da Igreja de Roma: “A Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada feliz, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza,  que preside ao amor”.
Este primado da Igreja de Roma não envolve somente o governo da Igreja, mas também, e sobretudo, a transmissão da verdade.
O grande histórico da Igreja, Eusébio de Cesaréia (III-IV sec), na sua História Eclesiástica, pensou apresentar a sucessão dos Bispos das dioceses particulares. Mas deu-se conta de que era um trabalho inútil: bastava apresentar a sucessão ininterrupta dos Bispos de Roma para garantir a transmissão da Verdade; ou seja, a pureza da tradição que a partir de Cristo, passando por Pedro e continuando ininterruptamente para os seus sucessores, chegou até nós.
Por isso Eusébio conclui assim: “a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram  até nós”  (5, 6, 5).
Por isso, temos a garantia de estar na Verdade.
A longa lista dos Papas (266 incluindo S. Pedro), não salva somente um elemento histórico fundamental, mas define a ideia do primado da Igreja de Roma, ou seja, da ligação entre Cristo e Pedro, para esclarecer o assunto da herança apostólica que se projeta no episcopado romano considerado no tempo e na história.
Papa Francisco é o 266º Vigário de Cristo. É ele que detêm o depósito da Fé que deve proteger e transmitir sem adulterações ao mundo de hoje. Falar de um Papa tradicionalista, conservador ou progressista não tem nenhum sentido. O Papa é Papa que, continuando na fidelidade à Tradição, deve apresentá-la em uma linguagem acessível ao homem do século XXI. A única coisa que podemos (e devemos) fazer é respeitar e orar.

Fonte: www.zenit.org/pt

terça-feira, 12 de março de 2013

COMO FUNCIONA O CONCLAVE?

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Entenda como funciona o Conclave que elege um novo Papa

Conclave é a reunião dos cardeais da Igreja Católica para eleger um novo Papa. A palavra “conclave”, do latim, quer dizer “com chave”, vem do fato de que, antigamente, quando os cardeais que iam eleger um novo Papa ficavam trancados com chave na Capela Sistina, ou outro local, até que um novo Pontífice fosse eleito. Ficavam totalmente sem comunicação com o povo.

Hoje, a eleição do Papa é realizada segundo a Constituição Apostólica UNIVERSI DOMINICI GREGIS (22/02/1996), do Papa Beato João Paulo II, que rege o funcionamento do Conclave e da eleição do novo Pontífice. É um longo documento com 92 parágrafos, o qual pode ser lido no site do Vaticano.



Vejamos os pontos mais importantes do Conclave:

O Conclave é um retiro sagrado, no qual os cardeais eleitores invocam o Espírito Santo para proceder à eleição do Romano Pontífice. O artigo 37 estabelece que o Conclave começará 15 dias depois de vacante a Sé Apostólica, embora o Colégio de Cardeais possa estabelecer outra data, a qual não pode se atrasar mais do que 20 dias da vacante.

Todos os cardeais eleitores ficam hospedados em uma acomodação, na chamada “Domus Sanctae Marthae”, construída na Cidade do Vaticano.



Na parte da manhã e na parte da tarde, são feitas as orações e a celebração das sagradas funções ou preces que se acham indicadas no mencionado “Ordo rituum Conclavis”. Em seguida, há os procedimentos para as eleições. Podem votar e ser votados todos os cardeais com menos de 80 anos de idade. Os cardeais eleitores são obrigados a participar do Conclave e são convocados pelo cardeal mais velho (Decano).

São feitas duas eleições por dia, uma de manhã e outra à tarde, e será eleito o cardeal que, numa dessas eleições, obtiver 2/3 dos votos, considerando presentes todos os cardeais. A eleição é secreta, cada cardeal coloca em uma cédula o nome em quem deseja votar. Três cardeais são escolhidos para fazer a contagem dos votos (os escrutinadores). Conferem, após cada eleição, se o número de cédulas é igual ao de cardeais presentes. Se algum deles for escolhido com 2/3 de votos, estará eleito; se aceitar o cargo, então, é queimada uma fumaça branca no incinerador da Capela Sistina. Se após a segunda eleição do dia não houver ainda um eleito, então, queima-se uma fumaça negra que sai na chaminé da Capela, na Praça de São Pedro. Após cada eleição as cédulas são todas queimadas pelos escrutinadores.

Cada cardeal, ao colocar sua cédula na urna, diz estas palavras em forma de juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.

Se houver algum cardeal doente que não possa sair de seu quarto, a urna é levada a ele, por três cardeais (os Infirmarii), para que possa votar.

Caso os cardeais não elejam o novo Papa durante três dias de votações, estas serão suspensas durante um dia para uma pausa de oração, de livre colóquio entre os votantes e de uma breve exortação espiritual, feita pelo primeiro dos cardeais da ordem dos cardeais diáconos. Há cardeais de três ordens: diáconos, presbíteros e bispos. Em seguida, recomeçam as votações. Se, após sete escrutínios, ainda não se verificar a eleição, faz-se outra pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos cardeais da ordem dos presbíteros. Procede-se, depois, a uma outra eventual série de sete escrutínios. Se ainda não se tiver obtido o resultado esperado, há uma nova pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos cardeais da Ordem dos Bispos. Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, as quais, se não for conseguida a eleição, serão sete. (n.74)

Se ainda as votações não tiverem êxito, os cardeais eleitores serão convidados pelo Camerlengo a darem a sua opinião sobre o modo de proceder, e proceder-se-á segundo aquilo que a maioria absoluta deles tiver estabelecido. Todavia, não se poderá deixar de haver uma válida eleição, ou com a maioria absoluta dos sufrágios ou votando somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos, exigindo-se, também nesta segunda hipótese, somente a maioria absoluta.

Durante o Conclave, os cardeais ficam totalmente isolados do mundo, não podendo usar os meios de comunicação (jornal, rádio, televisão, celular, etc.), receber pessoas para visitas, etc. É terminantemente proibido aos cardeais, antes e durante o Conclave, fazer acordo entre si para a eleição de um deles, sob pena de excomunhão “latae sententiae”. O artigo 80, além disso, castiga com excomunhão os cardeais que aceitarem a proposta de uma autoridade civil de propor o veto contra algum cardeal, como acontecia até 1904.

Após a eleição de um dos cardeais, o cardeal Decano pergunta ao eleito: “Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?” E, uma vez recebido o consenso, pergunta-lhe: “Como queres ser chamado?”. Então, os cardeais eleitores aproximam-se para render homenagem e prestar obediência ao neoeleito Sumo Pontífice. Depois disso, o primeiro dos cardeais diáconos anuncia ao povo, que está à espera, a eleição consumada e o nome do novo Pontífice: “Nuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam!” (“Anuncio-vos uma grande alegria: Temos um Papa”), o qual, a seguir, dá a bênção apostólica Urbi et Orbi do pórtico da Basílica do Vaticano.

No Conclave para escolha do sucessor de Bento XVI deverão estar presentes 117 cardeais. O cardeal Camerlengo, que desempenha um papel fundamental no período de vacância, é o cardeal Tarcisio Bertone, nomeado pelo Papa Bento XVI em 4 de abril de 2007. Os cardeais eleitores serão 61 europeus, 19 latino-americanos, 14 norte-americanos, 11 africanos, 11 asiáticos e 1 da Oceania. O país com o maior número de cardeais, 21, é a Itália. 67 eleitores foram criados por Bento XVI, e os restantes 50 por João Paulo II.
Professor Felipe Aquino
Membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”.

POR QUE O PAPA BENTO XVI RENUNCIOU?

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Por - Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
Diocese de Cuiabá

Non prævalebunt!

Na manhã deste dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.

Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".

É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.

Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.

O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:

"Pergunta: Pensou, alguma vez, em pedir demissão?

Resposta: Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis por que este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"

Pergunta: Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?

Resposta: Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão.

Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005)."

Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.

Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:

Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).

Estamos no início da quaresma. Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.

Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.

Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.

Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"

Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. É fé!

Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores: "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).

Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!


QUEM É O PAPA EMÉRITO BENTO XVI

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Algumas pessoas menos informadas tem tomado, inadvertidamente, a renúncia do Papa Bento XVI como um sinal de fraqueza. Em parte, essa má compreensão dos motivos da renúncia se dá porque a grande mídia não se ocupa em informar quem foi Bento XVI como ser humano, e quão respeitado ele foi por líderes de Estado e repesentantes de organizações internacionais.Todavia, nós cristãos devemos ter clara a sua trajetória de vida antes e durante o período em que ocupou o trono petrino.

Papa Bento XVI tem 85 anos, foi professor em diversas Universidades e vice-reitor da Universidade de Retisbona.
Aos 78 anos, o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito papa pelo colégio de cardeais. O conclave findo em 19 de abril de 2005 foi um dos mais rápidos da história, tendo apenas quatro votações e duração de apenas 22 horas. No dia 24 de abril do mesmo ano tomou posse em cerimônia na Basílica de São Pedro em Roma.

Ele mantinha um ritmo de viagens apostólicas surpreendente para a sua idade e, com isto, tem superado as expectativas do início de seu pontificado. Justamente por causa da sua idade e pelo seu estilo pessoal mais reservado e comedido quando comparado com seu antecessor João Paulo II os mass media consideravam que este seria um papa que ficaria mais restrito ao âmbito do Vaticano e da Cúria Romana o que acabou não se verificando.

Em 12 de dezembro de 2012, Papa Bento XVI, inaugurou sua conta na rede social de microblogs, Twitter. Sua primeira mensagem a mais de 950 mil usuários, foi reproduzida em sete idiomas (incluindo português). “Queridos amigos, eu estou muito feliz de entrar em contato com vocês pelo Twitter. Obrigada por sua generosa resposta. Eu vos abençoo de todo o meu coração”, diz a mensagem, postada dia 12.dez.2012.

Bento VXI possui 08 doutorados:
·         1984 - Doutor Honoris Causa pelo University of St. Thomas (Minnesota), Estados Unidos.
·         1985 - Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt, Alemanha.
·         1986 - Doutor Honoris Causa pela Pontifícia Universidade Católica do Peru.
·         1986 - Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Teologia Pontifícia e Civil de Lima, Peru.
·         1988 - Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica de Lublin, Polónia.
·         1998 - Doutor Honoris Causa pela Universidade de Navarra, Espanha.
·         1999 - Doutor Honoris Causa pela Universidade Livre Maria Santissima Assunta (LUMSA), Itália.
·         2000 - Doutor Honoris Causa pela Universidade de Breslávia, Polónia.

Além disso, tem fluência em mais de 15 idiomas.