Quanto maior o
esgotamento espiritual menor a qualidade do ministério.
Todas
as atividades, se não forem vivenciadas com equilíbrio e maturidade, podem
causar sérios riscos à saúde. No campo espiritual não é diferente. Com o passar
do tempo, o excesso de atividades na comunidade cristã ou em outras áreas de
evangelização podem silenciosamente atingir nossa alma levando-nos a um sério
esgotamento espiritual. Muitos estão esgotados espiritualmente, mas não
conseguem admitir tamanha sobrecarga sobre os ombros. Quem se esgotou esgota
também quem está ao seu lado. O esgotamento espiritual traz consigo algumas
características negativas para o bom andamento da missão evangelizadora. Muitos
começam a exercer ministérios de maneira funcional; executam tarefas, mas o
amor, que há tempos os motivava no exercício da missão, tornou-se apenas algo
que pertenceu a uma antiga história de amor.
Quando
isso acontece, tornam-se funcionários do Sagrado e deixam de ser discípulos
missionários. Transformam a missão em algo funcional. Se antes o que alimentava
a alma era o ardor missionário e evangelizador, agora cumprem suas obrigações
sem se preocupar com a qualidade da evangelização. Quanto maior o desânimo
menor a qualidade do ministério. Jesus não quer funcionários que executem a
missão em uma empresa, Ele quer amigos, discípulos, apóstolos que se apaixonam
pela proposta do Reino e são impulsionados pelo Espírito Santo a levar a Boa
Nova da salvação aos cantos e recantos do mundo. Um discípulo apaixonado é
aquele que, a cada dia, examina sua consciência e procura, a cada nova manhã,
renovar seu amor pelo Senhor. Quanto maior for nossa intimidade com Cristo
melhor será a qualidade do nosso ministério. Muitos se apaixonaram por Jesus
Cristo um dia. Com o tempo, esse amor foi esfriando, pois deixaram de alimentar
o relacionamento. A chama viva da paixão, que no início era um fogo abrasador,
com o tempo tornou-se brasa, foi se apagando lentamente e hoje restam apenas
algumas cinzas de um amor que não foi cuidado. Quando desviamos o olhar de
Jesus Cristo, começamos a desejar outros deuses. Quantos foram seduzidos pelo
poder, pela fama e o comodismo! Desviaram seu olhar do essencial e alimentam
sua vida do periférico. Amores ilusórios se desfazem como o orvalho ao nascer
do sol. Amores verdadeiros desabrocham como flores no jardim para alimentar a
vida com a beleza que é dom divino. Outros ainda cuidam com tanto zelo das
coisas de Deus que se esqueceram do próprio Deus. Quando Ele deixa de ser a
fonte na qual a alma sacia a sede, busca-se águas em fontes duvidosas que
prejudicam a saúde espiritual da alma. Cuidar das coisas de Deus é importante,
porém se Ele próprio não for a fonte primeira da vida missionária, seremos
apenas empregados e não Seus amigos.
O
esgotamento espiritual traz sérios riscos para a alma de todo cristão. Quem
desvia o olhar de Jesus perde o horizonte de sua vocação. Nossa alma se
alimenta daquilo que oferecemos a ela. Somente no cultivo de uma intimidade
profunda com o Senhor voltaremos às origens do nosso primeiro amor.
Pe. Flávio Sobreiro
Extraído de: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/causas-e-consequencias-do-esgotamento-espiritual/
Muito bom! Conteúdo de reflexão para uma auto-critica séria.
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